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quarta-feira, 3 de agosto de 2011


De cara lavada - 177
Martha Medeiros

Hoje me desfiz dos meus bens
vendi o sofá cujo tecido desenhei
e a mesa de jantar onde fizemos planos

O quadro que fica atrás do bar
rifei junto com algumas quinquilharias
da época em que nos juntamos

A tevê e o aparelho de som
foram adquiridos pela vizinha
testemunha do quanto erramos

A cama doei para um asilo
sem olhar pra trás e lembrar
do que ali inventamos

Aquele cinzeiro de cobre
foi de brinde com os cristais
e as plantas que não regamos

Coube tudo num caminhão de mudança
até a dor que não soubemos curar
mas que um dia vamos

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